terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Única no escuro



Lua, porque me abandonaste e desapareces-te hoje? Senti sua falta, senti saudade de enxergar no teu brilho os olhos dela. Então, hoje o céu está enegrecido, como meus pensamentos. Me sinto bem assim, sofro menos, talvez. Necessito da escuridão para acalmar aqueles que me assombram. E é assim, sempre os mesmos erros e planos, debaixo desse mesmo céu de um negro acinzentado. Linda lua, como eu queria te ver, ter o direito de suspirar, pensar nela, não me tire essas pequenas coisas, são as únicas que tenho. Se não for pedir demais peço-te para que volte para o meu céu, traga contigo também as tuas lindas e brilhantes estrelas, as quais nunca consegui contar e comparei com elas o meu amor. Hoje não tenho lua, está escuro, a noite está mais longa que o normal, sinto que estou vivendo em uma interminável yelda, sim, a noite em que os apaixonados suspiram mais forte, e os solitários precisam ainda mais da companhia de sua solidão. Não sei se sou uma apaixonada ou solitária, talvez os dois quem sabe. Essa paixão me parece evoluir para um estágio incontrolável de platonismo, sim, aquele amor onde só se sente, onde nos doamos ao máximo sem esperar nada em troca. Talvez eu seja apenas uma solitária, pois minha solidão não me abandona nunca, a não ser quando escuta a voz angelical dela, perfeita aos ouvidos, remédio para alma, um calmante para minha mente doentia. Mas durante a noite, a solidão me abraça, num laço tão forte e solitário que chega a sufocar. Às vezes me pergunto porque eu sou a única a não ter um grande amor, uma única solitária. Talvez eu não mereça algo tão bom como receber o amor de alguém, e por agora, eu me sinto só. É angustiante, deprimente e sadicamente bom ter a mente em um turbilhão, muitos pensamentos, várias possibilidades, apenas utopias. É excepcionalmente deliciosa e doentia a sensação de ser a única no escuro.